157 research outputs found

    Kant e a nova abordagem da filosofia

    Get PDF
    Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Florianópolis, 2011Esta dissertação pretende discutir as características e as consequências da inclusão das questões da filosofia moderna sob a luz de uma interpretação e estruturação transcendental dos seus problemas. Os problemas modernos considerados serão os relativos à recepção e reação à crise da metafísica e serão apresentados através de uma narração histórica que começa em Descartes, passa pelo debate entre o racionalismo e o empirismo, e termina na radicalização feita pelo desafio cético de Hume. A problemática transcendental que os subsume será principalmente exposta pela teoria da forma da experiência e a doutrina da dedução transcendental das categorias. Os passos para consumar esse objetivo serão distribuídos em três capítulos. O primeiro apresentará a crise da razão pura pela perspectiva dos problemas da modernidade, passando por Descartes, Leibniz, Locke e dedicando atenção especial a Hume. Ainda nesse capítulo, será exposta a teoria da forma da experiência de Kant como uma estratégia para radicalizar a questão cartesiana da subjetividade convertendo-a em uma revolução copernicana da filosofia e, além disso, superar tanto as questões céticas quanto as dogmáticas através de uma problematização crítica e transcendental. O segundo capítulo apresentará a discussão mais ampla que abrange essa subsunção sistemática de questões e problemas da modernidade segundo a dedução transcendental das categorias, que é também a consolidação do idealismo formal e da filosofia transcendental a ele coordenado. E, finalmente, discutiremos no capítulo três o caráter e o legado das questões transcendentais, quando daremos atenção especial aos comentários de Bonaccini, Siemec, Lebrun, Heidegger e Husserl com o interesse de explorar o conteúdo não naturalista da esfera transcendental de problemas e sua aproximação com uma vocação à filosofia primeira.This dissertation aims to discuss the characteristics and consequences of the inclusion of questions of modern philosophy under a transcendental interpretation and structuring of their problems. The modern problems that will be considered are those that are related to the reception and the reaction to the crisis of metaphysics and will be presented through a historical narrative that begins with Descartes, passes through the debate between rationalism and empiricism, and ends in the challenge by Hume's skepticism. The set of transcendental problems that subsumes these questions will principally be exposed by the theory of the form of experience, and the doctrine of transcendental deduction of categories. The steps to accomplish this goal will be divided into three chapters. The first one will present the crisis of pure reason from the perspective of the problems of modernity, through Descartes, Leibniz, Locke, and especially Hume. Additionally in this chapter, Kant.s theory of the forms of experience as a strategy to radicalize the Cartesian subjectivity problem by converting it in a Copernican revolution and overcome both dogmatic and skeptical questioning by the terms of a critical and transcendental set or problems will be presented. The second chapter presents the broader discussion that encompass this systematic subsumption of issues and problems of modernity according to the transcendental deduction of the categories, which is also the consolidation of formal idealism and the Copernican revolution of philosophy, the consolidation of the subjective conditions of knowledge and the principles of experience as the new key questions of philosophy. Finally, in the third chapter, we will discuss the character and legacy of the transcendental questions, where we will give special attention to the work of Bonaccini, Siemec, Lebrun, Husserl and Heidegger, with the interest in exploring the non-naturalistic contents of transcendental sphere of problems and their approximation with a First Philosophy vocation

    O projeto epistemológico empirista de Bas Van Fraassen: empirismo construtivo, epistemologia voluntarista, e empirismo estrutural

    Get PDF
    Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Florianópolis, 2013O presente trabalho versa sobre o projeto empirista de Bas van Fraassen, cuja obra é referência obrigatória no quadro das teorias empiristas contemporâneas não apenas na filosofia da ciência, mas também na filosofia em geral. Projeto esse que abrange três momentos fundamentais: o empirismo construtivo, o empirismo como atitude, e o empirismo estrutural. Assim, inicialmente no delineamento de nossa problemática de pesquisa, esquadrinhamos a história da filosofia da ciência do século XX, de forma que encontramos no empirismo lógico - em particular, nas contribuições de Rudolf Carnap e de Hans Reichenbach - o precedente teórico da noção de 'análise lógica da ciência', subsumida na definição de 'reconstrução racional'. A saber, o programa neopositivista para a filosofia da ciência tencionava realizar uma epistemologia analítica com exemplos científicos, uma 'análise lógica da ciência', ideia esta firmemente contestada por van Fraassen e por outros autores instrumentalistas - no caso, Larry Laudan. Depois, passamos para o exame pormenorizado e crítico das mencionadas teorias empiristas de van Fraassen. Isto é, sua teoria da ciência, o empirismo construtivo, sustenta que a ciência pode ser interpretada à maneira de uma busca por adequação empírica, não pela verdade, entendendo-se essa a correta e fidedigna descrição dos fenômenos observáveis. Quanto à formulação empirista de van Fraassen para além da filosofia da ciência, o empirismo como atitude, este parte da crítica à metafísica para a defesa dos aspectos volitivos na cognição humana, donde, o nome de epistemologia voluntarista, por esta se centrar nas atitudes, e não em doutrinas ou teorias factuais. Já o empirismo estrutural, que é uma atualização do empirismo construtivo, visa à descrição da estrutura dos fenômenos observáveis, com base na abordagem semântica das teorias, e.g., conjunto de modelos semânticos. Assente isso, nos debruçamos em aspectos específicos do empirismo construtivo, ou seja, a já referida abordagem semântica, a própria concepção de modelo, e os conceitos cruciais, no bojo dessa teoria da ciência: adequação empírica e observabilidade. Então, argumentamos que a interpretação da adequação empírica, tal qual uma versão da teoria correspondencial da verdade, é equivocada, por comprometer ontologicamente o empirismo construtivo. Ademais, no tocante à observabilidade, examinamos os seus limites gerais e específicos, mostrando que esse é um ponto muito delicado do empirismo construtivo, visto que van Fraassen endossa um naturalismo tópico, o qual se torna mais um problema do que uma solução para as críticas e dificuldades teóricas. Por exemplo, a circularidade, o regresso infinito, e a arbitrariedade da distinção observável/inobservável. Enfim, a partir das propostas de Nancy Cartwright e de Arthur Fine, esboçamos uma resolução para tais impasses em uma chave instrumentalista e pragmatista.Abstract : The present investigation deals with the theoretical empiricist program of Bas van Fraassen, whose legacy is an obligatory reference in the context of contemporary empiricist theories, not only in philosophy of science but also in philosophy in general. That project covers three key elements: constructive empiricism, empiricism as attitude (or empirical stance), and structural empiricism. Initially, in the design of our research problem, we search within the history of philosophy of science of the twentieth century, so that we find the logical empiricism - in particular, the contributions of Rudolf Carnap and Hans Reichenbach - whom are the precedents of theoretical notion 'logical analysis of science', subsumed in the definition of 'rational reconstruction'. Namely, the logical positivist project to the philosophy of science intended to conduct an analytical epistemology with scientific examples, such as 'logical analysis of science', however, this idea was firmly opposed by van Fraassen and other instrumentalists philosophers, e.g., Larry Laudan. Subsequently, we move to the detailed critical examination of van Fraassen's theories. Namely, his theory of science, constructive empiricism, which he argues that science can be interpreted in the manner of empirical adequacy, and not the within the truth. For instance, empirical adequacy being understood as a correct and reliable description of observable phenomena. Regarding the van Fraassen's empiricist work, it goes beyond the philosophy of science, it is empiricism as attitude, therefore, this part of the critique of metaphysics to defend the volitional aspect in human cognition, is called 'voluntarist epistemology', which focus on attitudes, and not on factual theories or doctrines. Regarding structural empiricism, this is an update of constructive empiricism that aims to describe the structure of the observable phenomena, based on the semantic approach of theories, i.e., a set of semantic models. Based on this, we concentrate on specific aspects of constructive empiricism: the aforementioned semantic approach that carries the concept model, and the key concepts in the core of this theory of science: empirical adequacy and observability. Hence, we argue the following: the interpretation of empirical adequacy, like a version of the correspondence theory of truth, is mistaken by compromising constructive empiricism ontologically. Moreover, concerning observability, we examine their general and specific limits, showing that this is a very problematic point of constructive empiricism, as van Fraassen had endorsed a topic naturalism, which becomes more of a problem than a solution to the critical and theoretical difficulties. For instance, circularity, infinity regression, and arbitrariness of observable/unobservable distinction. Finally, from proposals by Nancy Cartwright and Arthur Fine, we outline a resolution to such dilemmas in an instrumentalist and pragmatist ways as key of our research

    Kant e o empirismo conjectural: uma discussão da crítica da razão pura à luz da retomada histórica do problema do empirismo

    Get PDF
    Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Florianópolis, 2016.A presente tese oferece uma interpretação da Crítica da Razão Pura que a situa na retomada histórica do problema do empirismo. Apresentamos os argumentos da Analítica Transcendental em sua contribuição para discutir os problemas relacionados à experiência e sua influência como fonte de conhecimento objetivo. Almejamos mostrar que o conjunto da tese de Kant rejeita três caracterizações problemáticas do empirismo. 1. A tese de que experiência é protocolada por uma propriedade metafísica/psicológica ('ser clara e distinta', 'ser doada pelos sentidos', etc) 2. A tese de que a experiência instrui ou ensina sobre um objeto graças a uma propriedade pictórica que qualificaria uma semelhança ou fidelidade com o objeto representado, 3. A tese de que a experiência não tem valor para influenciar conclusões racionais sobre matérias de fato. Diversas estratégias teóricas e retóricas são empregadas para solucionar esses problemas, mas é a tese da Dedução Transcendental que atinge o objetivo da maneira mais elegante, embora enigmática à primeira vista: o que dá o caráter de experiência objetiva à representação é a unidade sintética da apercepção das representações,isto é, a coordenação das intuições e conceitos em um juízo. Parafraseando para a nossa leitura: o que caracteriza a experiência objetiva é a sua integração em um horizonte conjectural onde esta experiência pode ser racionalmente criticada, avaliada e teorizada. Chamamos essa tese de um empirismo conjectural. Esse, por sua vez, implica a adoção de um tipo moderado de realismo. O realismo moderado será avaliado pelos seu parentesco com as cenas intelectuais de oposição ao empirismo clássico e positivista (discutimos as duas principais fases de Wittgenstein), e pelostraços familiares aos recentes defensores da racionalidade da indução e críticos do ceticismo (D.C. Stove).Abstract: This thesis offers an interpretation that situates the Critique of Pure Reason in the historic reemergence of the problem of empiricism. The thesis presents the arguments and contributions of Transcendental Analytics in the discussion of problems relating to experience and itsinfluence as a source of objective knowledge. We aim to show that theen tirety of Kant's thesis rejects three problematic empiricist characterizations. These characterizations include: (1) the thesis that experienceis authorized by a metaphysical or psychological property (for example,'to be clear and distinct', 'to be witnessed by the sense', etc.); (2) the thesis that experience instructs or teaches us about an object dueto a pictorial property that qualifies a similarity with or a fidelity to the represented object; (3) the thesis that experience is unable to influencerational conclusions about matters of fact. Several theoretical and rhetorical strategies are employed to solve these problems, but it is the thesis of Transcendental Deduction that reaches the goal in the most elegant way, although enigmatic at first sight. The synthetic unity of apperception of the representations, namely the coordination of intuitions and concepts in a judgment, is what gives character of objective experience to representation. In other words, what characterizes the objective experience is its integration with a conjectural horizon, through which this experience can be rationally criticized, evaluated, and theorized upon. We call this thesis of Trancendental Analytics a conjectural empriricism. This, in turn, impllies the adoption of a moderated form of realism. This moderated realism will be evaluated by its similarities with intellectual scenes that are in opposition with classic empiricism and positivism, with the recent defenders of the rationality of induction, and with critics of ceticism (Wittgenstein, D.C Stove)

    Skepticism and speculative dalectic in Hegel's philosophy

    Get PDF
    Orientador: Marcos Lutz MullerTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciencias HumanasResumo: Trata-se, inicialmente, de neste trabalho analisar a leitura hegeliana da filosofia cética, especificamente, o ceticismo pirrônico. Dessa maneira, será possível começar a avaliar em que medida o ceticismo é importante para a filosofia de Hegel em geral e, em particular, para a constituição de seu método dialético especulativo. Percorreremos textos, de várias fases da filosofia de Hegel, no qual o ceticismo ou é tema central ou aparece dentro de um contexto que também nos interessa, a saber, a discussão acerca do método. No que respeita a este último, objeto da segunda parte da tese, examinaremos na Ciência da Lógica os momentos onde podemos observar de modo privilegiado a constituição do método dialético hegeliano, a saber, a seção dedicada na Doutrina da Essência às determinações de reflexão e a seção intitulada Idéia Absoluta, último capítulo do livro. A partir desse estudo da Ciência da Lógica, poderemos então julgar com maior exatidão no que o método filosófico hegeliano é devedor da filosofia cética, isto é, como esse método é formulado de modo que o ceticismo seja integrado a ele. A idéia central é mostrar que não há, da parte de Hegel, uma simples refutação do ceticismo, mas antes, que o ceticismo é a filosofia, incontornável, da qual se deve partir para que a filosofia não caia vítima das aporias céticas. Essa é a via que Hegel encontra para não se tornar cético pirrônico e, ao mesmo tempo, não ser alvo da crítica céticaAbstract: First it means to analyse Hegel's reading of the skeptical philosophy, specifically pyrrhonian skepticism. Thus it will be possible to assess to what extent the skepticism is important to Hegel's philosophy in general and, in particular, for the formation of his speculative dialectical method. We will cover texts from many phases of Hegel's philosophy, in which skepticism is focus or appears within a context that also interests us, namely the discussion of the method. Regarding this last one, subject of the second part of the thesis, we examine in Science of Logic the moments where we can observe in a special way the formation of hegelian dialectical method: the section in Doctrine of Essence that is dedicated to the determinations of reflection and the section entitled Absolute Idea, the last chapter of the book. From this study of Science of Logic we can judge more accurately what the Hegelian philosophical method is liable to the skeptical philosophy, which means, how this method is formulated in a way that skepticism is a part of it. The main idea is to show that Hegel does not try a simple refutation of skepticism, more than this he shows that skepticism is the philosophy, unavoiable, which preserves the philosophy from fall victim of skepticals aporias. This is the way that Hegel finds to not become skeptical pyrrhonian and also the subject of skeptical criticismDoutoradoMestre em Filosofi

    Margens das filosofias da linguagem

    Get PDF
    Neste novo livro de Julio Cabrera, a filosofia da linguagem é apresentada numa maneira plural, em relação com as filosofias analíticas, hermenêuticas, fenomenológicas, dialéticas e psicanalíticas. O pensamento de Wittgenstein sobre linguagem é mostrado como ponto de junção dessas múltiplas perspectivas, analíticas e continentais. O livro também abre uma discussão sobre diversas maneiras de fazer filosofia e apresenta uma defesa do pluralismo de perspectivas

    O estudo do direito através do caso concreto

    Get PDF
    Orientador: Professor Doutor Aloísio SurgikDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Jurídicas, Curso de Pós-Graduação em DireitoInclui referências: p. 91-94Resumo: A implementação do discurso jurídico integral é uma das finalidades deste estudo. Tal tarefa está condicionada à aceitação de alguns padrões de pensamento. Esses padrões emergem, conjuntamente, da antiguidade clássica, na gênese das especulações sobre a justiça e da visão crítico-comunicativa do direito, que, na modernidade, está associada ao projeto ético da responsabilidade. Tal projeto, supera o acolhimento ingênuo do poder jurídico consistente e busca as convicções filosóficas e os atos de consciência. A tradução destas exigências no contexto dos estudos jurídicos tem como consequência a articulação lógico-formal com outras áreas de conhecimento. A abordagem integral, corajosa e inovadora, certamente provoca o afastamento dos domínios seguros da lei e da doutrina, para construir o conhecimento jurídico, buscando significações esquecidas na virtualidade do real, na sua estética e nas dimensões do psiquismo moderno. A base conceitual e epistemológica é constituída por um racionalismo ativo, pelo pensamento problemático e pela tópica, como atitude espiritual que desencadeia o processo de conhecimento. É um conhecimento integrativo que enseja a interpretação jurídica por meio de conexões vitais, entre os indivíduos concretos. Busca-se elucidar o direito através de um discurso jurídico prático que retoma as regularidades empíricas da realidade social. A postura crítica, ínsita neste trabalho, busca a conciliação da experiência humana com a experiência jurídica, ocupando-se dos conjuntos simbólicos. A indução associada à dialética mostra que o saber só se organiza em princípios e generalizações, se compreendido na sua problemática material. Para tanto, a doutrina não deve ser um dogma, mas induzir ao reconhecimento das dificuldades e oscilações. A problemática situacional articula-se com a questão básica da justiça, como desafio ético da modernidade, que é a de inventar significações jurídicas que harmonizem a vida social. Na fenomenologia, o estudo concreto do direito busca a identidade das regras jurídicas com os interesses jurídicos específicos. Como perspectiva cultural, rompe-se com a visão metodológica tradicional, enquadrando o direito no domínio das disciplinas histórico-hermenêuticas. Dentro dessa perspectiva, a ontologia jurídica se alimenta das forças que cada um identifica na sua própria realidade. O jurídico material encontra a experiência relacional entre os homens. O estudo do direito pelo caso concreto dá origem a uma pedagogia que reconhece a utilidade e a precedência das imagens, como formas realistas anteriores às racionais. Há, entretanto, uma razão científica para tal precedência: segundo Gaston de BACHELARD é impossível compreender questões conceituais, sem explicar o seu perfil epistemológico. Além disso, a verificação concreta do justo oferece uma base antropológico-existencial que suplanta o idealismo jurídico. A natureza do esforço científico, no estudo do direito, envolve um "estilo mental" que estabelece a verdade através do diálogo.Resumo: A implementação do discurso jurídico integral é uma das finalidades deste estudo. Tal tarefa está condicionada à aceitação de alguns padrões de pensamento. Esses padrões emergem, conjuntamente, da antiguidade clássica, na gênese das especulações sobre a justiça e da visão crítico-comunicativa do direito, que na modernidade, está associada ao projeto ético da responsabilidade. Tal projeto, supera o acolhimento ingênuo do poder jurídico consistente e busca as convicções filosóficas e os atos de consciência. A tradução destas exigências no contexto dos estudos jurídicos tem como consequência a articulação lógico-formal com outras áreas de conhecimento. A abordagem integral, corajosa e inovadora, certamente provoca o afastamento dos domínios seguros da lei e da doutrina, para construir o conhecimento jurídico, buscando significações esquecidas na virtualidade do real, na sua estética e nas dimensões do psiquismo moderno. A base conceitual e epistemológica é constituída por um racionalismo ativo, pelo pensamento problemático e pela tópica, como atitude espiritual que desencadeia o processo de conhecimento. É um conhecimento integrativo que enseja a interpretação jurídica por meio de conexões vitais, entre os indivíduos concretos. Busca-se elucidar o direito através de um discurso jurídico prático que retoma as regularidades empíricas da realidade social. A postura crítica, ínsita neste trabalho, busca a conciliação da experiência humana com a experiência jurídica, ocupando-se dos conjuntos simbólicos. A indução associada à dialética mostra que o saber só se organiza em princípios e generalizações, se compreendido na sua problemática material. Para tanto, a doutrina não deve ser um dogma, mas induzir ao reconhecimento das dificuldades e oscilações. A problemática situacional articula-se com a questão básica da justiça, como desafio ético da modernidade, que é a de inventar significações jurídicas que harmonizem a vida social. Na fenomenologia, o estudo concreto do direito busca a identidade das regras jurídicas com os interesses jurídicos específicos. Como perspectiva cultural, rompe-se com a visão metodológica tradicional, enquadrando o direito no domínio das disciplinas histórico-hermenêuticas. Dentro dessa perspectiva, a ontologia jurídica se alimenta das forças que cada um identifica na sua própria realidade. O jurídico material encontra a experiência relacional entre os homens. O estudo do direito pelo caso concreto dá origem a uma pedagogia que reconhece a utilidade e a precedência das imagens, como formas realistas anteriores às racionais. Há, entretanto, uma razão científica para tal precedência: segundo Gaston de Bachelard é impossível compreender questões conceituais, sem explicar o seu perfil epistemológico. Além disso, a verificação concreta do justo oferece uma base antropológico-existencial que suplanta o idealismo jurídico. A natureza do esforço científico, no estudo do direito, envolve um "estilo mental" que estabelece a verdade através do diálogo.Abstract: The implementation of the integral juridical discourse is one of the goals of this work. Such task depends upon the acceptance of some thought patterns. These patterns emerge simultaneously from the classic antiquity, in the genesis of the theories about justice and the critic-communicative view point of law. In modernity this view point is linked to the ethic project of responsability. This project surpasses the naive approval of the consistent juridical knowledge and pursues philosophical convictions and the acts of conscience. The comprehension of these requirements in the context of the juridical studies leads to the logical - formal articulation with other areas of knowledge. The integral bold and innovative approach will certainly promote the derivation from the safe domains of law and doctrine, in order to build up the juridical knowledge searching for the forgotten meanings in the virtuality of reality, in its aesthetics and the measuring of the modern phychism. The conceptual and epistemologic base is constituted by the active rationalism, by the problematic thought and by the topic as a spiritual attitude that unchains the process of knowledge. This is an integral knowledge that gives opportunity to the juridical interpretation through vital connections among concrete individuals. One tries to elucidate what is law by means of a practical juridical discourse that recovers the empirical regularities of the social reality. The critic attitude inside of this work pursues the conciliation of human experience, with juridical experience, considering the symbolic assemblages. The induction associated to the dialectic proves that learning can only be organized in principles and generalizations if it's understood in its material problematic. Therefore, the doctrine thought not be a dogma but should lead to the acknowledgement of the difficulties and oscillations. The problematic of situations links itself with the basic subject of justice - as an ethic challenge of modernity - that is to create juridical meanings to conform with social life. In phenomenology, the basic study of law pursues the identity of the juridical rules with the specific juridical concerns. As a cultural perspective the traditional methodological vision is disrupted to fit law in the domain of the historic - hermeneutic subjects. In accordance to this perspective the juridical ontology nourishes itself with the strength each one identifies in his own reality. The material juridical faces the relational experience among men. The study of law through a concrete case originates a pedagogy that acknowledges the utility and images precedence as realistic forms, preceding the rational ones. There is, notwithstanding, a scientific reason for such a precedence: according to Gaston de BACHELARD it is impossible to understand conceptual questions without explaining their epistemological profile. In addition to it, the ascertainment of the just offers an existential - anthropological base that surpasses the juridical idealism. The nature of the scientific effort in the study of law involves a "mental style" that settles the truth, by means of the dialogue

    P. F. Strawson e a Tradição Filosófica

    Get PDF
    Esta coletânea é um tributo a Peter Frederick Strawson pelo centenário de seu nascimento (1919-2019). Diferentemente de outras coletâneas, esta propõe colocar em relevo a interlocução de Strawson com a tradição filosófica. Em outras palavras, por um lado, queremos evidenciar as discussões que Strawson travou com os seus contemporâneos (Austin, Quine, Russell e Wittgenstein), e, por outro, a influência que recebeu e as críticas que dirigiu àqueles que o precederam na história da filosofia (Aristóteles, Descartes, Hume, Kant). Poderíamos ter enriquecido a lista acima com o nome de muitos outros filósofos com os quais Strawson teve contato, mas julgamos que o trabalho ficaria bastante extenso. Por esse motivo, optamos por aqueles nomes mais significativos que figuram na construção da história intelectual de Strawson. O presente volume reúne nove capítulos que levam como título o nome de Strawson e do filósofo com o qual ele dialogou ao longo de suas obras. Essa opção na nomeação dos capítulos por si só já permite colocar em evidência os principais filósofos pelos quais Strawson se interessou e com os quais se confrontou ao longo de seu trabalho filosófico. Com exceção do capítulo sobre Wittgenstein, que é uma versão revisada de um texto publicado anteriormente, todos os outros capítulos são inéditos e foram escritos especialmente para esta coletânea. O volume inclui na abertura a tradução de “Um fragmento de autobiografia intelectual”, de P. F. Strawson. Quando elegemos como título desta obra, Strawson e a tradição filosófica, não estamos insinuando que Strawson é um historiador da filosofia e muito menos que se interesse por historiografia. O título desta obra apenas quer indicar que Strawson, por um lado, transita na história da filosofia com alguma facilidade, além de nutrir um grande apreço por ela e, por outro, que ele discute com os principais nomes da história da filosofia no que concerne aos temas de seu interesse. A sua proposta filosófica é alimentada e irrigada por esse conhecimento, o que lhe dá a possibilidade de assumir na maioria das vezes posições ponderadas e equilibradas acerca de temas complexos por ele tratados. ​ ISBN: 978-85-5696-689-6. Nº de pág.: 24
    corecore